Intervenção

Intervenção de Miguel Tiago

 

Elimina os mecanismos de aumento do horário de trabalho

Senhor Presidente,
Senhores Deputados,

"Hoje, trabalha-se mais, paga-se menos" são as palavras contentes dos patrões que engordam os lucros a pretexto da crise, e que empobrecem quem vive do seu trabalho. Em Mangualde, na PSA Citröen, empresa bem conhecida do PS e do Governo que lá injecta regularmente milhões de euros a troco sabe-se lá do quê, os trabalhadores conhecem bem o efeito do aumento dos horários de trabalho que aliás lhes fora já imposto mesmo antes da entrada em vigor do Código do Trabalho, essa nódoa que mancha com a tinta indelével da política de direita este Governo PS.

Governo PS, que permite que na PSA Citröen, como em outras empresas, se aplique um banco de horas, através do qual é exigido aos trabalhadores que as licenças de paternidade e maternidade, ou as licenças por baixa médica sejam compensadas à empresa com dias de trabalho não pago! E o que é isto senão trabalho escravo, com a permissão governamental do PS?Um banco de horas que obriga ao trabalho ao fim de semana, pago como trabalho normal, e ao trabalho nocturno a preço de saldo?

Hoje, por proposta do PCP (projecto de lei nº 8/XI), está nas mãos dos deputados, particularmente do PS, resolver situações como as que impedem os trabalhadores da Citröen do direito ao descanso e ao lazer, resolver o agravamento galopante da condição de vida dos trabalhadores e da exploração a que estão sujeitos. É hora de assumir que este Código do Trabalho institui a desumanização do Trabalho, que é uma nódoa na história do PS, que assim entrega a vida dos trabalhadores de bandeja ao patrão, fazendo corar de inveja a própria direita.

A CRP afirma que em caso de conflito, deve permanecer o tratamento mais favorável do trabalhador. Mas o PS rasgou a Constituição e impõe as regras de trabalho do século XIX, transformando o trabalhador em máquina ao serviço do lucro do patrão.

Bem podem, senhores deputados, fingir preocupações com os trabalhadores, quando na verdade o que vos agrada é o champagne dos brindes nos acordos com os patrões! Mas lá fora persiste a injustiça e os trabalhadores portugueses trabalham mais horas enquanto ficam mais pobres. Justiça nos horários de trabalho é o desafio que o PCP vos lança hoje. Como responderão?

Disse.

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