Intervenção de

Interpela??o ao Governo do PCP, sobre orienta??es gerais e pol?tica global do Governo<br />Interven??o do deputado Carlos Carvalhas

Senhor Presidente Senhores Deputados Decorridos perto de dois anos desde que o Governo tomou posse e quando se aproxima o meio da Legislatura, h? duas conclus?es ineg?veis a tirar: primeira, o PS violou ou deixou sem cumprimento muitas das promessas eleitorais que fez h? dois anos durante a campanha para as legislativas, incluindo promessas constantes dos Estados Gerais e do Programa Eleitoral; segundo, o Governo afastou-se decididamente de uma pol?tica de esquerda e realizou no essencial, no que ? mais estruturante, uma pol?tica de continuidade das pol?ticas de direita dos governos/PSD de Cavaco Silva. Bastariam estas duas graves constata??es para que uma interpela??o ao Governo como a que o PCP faz fosse absolutamente necess?ria e oportuna. Acresce entretanto um outro facto: por responsabilidade do PS e da sua f?ria revisora, o Governo encontra-se "dispensado" da obriga??o de prestar contas neste momento ao Pa?s sobre o Estado da Na??o, no debate que, desde que foi criado no Regimento desta Assembleia, sempre se realizou neste m?s de Julho. Por isso, esta interpela??o ? a oportunidade para o Governo ser confrontado com o Estado da Na??o, e com as cr?ticas e acusa??es que a sua pol?tica suscita. Esta n?o ? uma interpela??o sobre pol?ticas sectoriais, n?o porque n?o haja graves responsabilidades do Governo no estado de muitas dessas pol?ticas, mas porque a quest?o que hoje se coloca ? da situa??o a que est? a ser conduzido o Pa?s como resultado das op??es fundamentais da pol?tica do Governo. S? o Senhor Primeiro Ministro e a sua equipa de propaganda ? que podem n?o se ter dado conta do profundo des?nimo e desencanto que grassa no Pa?s, nomeadamente em muitos milhares de cidad?os que votaram PS. Quanto mais o Ministro Jorge Coelho proclama ?xitos do Governo como quem vende banha-da-cobra, mais os portugueses se interrogam por que raz?o n?o lhes cabe nem uma migalha de tais auto-proclamados ?xitos e pelo contr?rio, o que sobra para o povo ? uma pesada factura. S? o Senhor Primeiro Ministro ? que pode fazer de conta que ignora que nas quest?es essenciais o Pa?s enfraquece e desvitaliza o seu aparelho produtivo e est? sem solu??o para os graves problemas que enfrenta. N?o h? propaganda que consiga disfar?ar as dificuldades sociais de milhares de fam?lias, a crise que afecta importantes empresas e sectores produtivos e a debilidade em geral da economia portuguesa. Por alguma raz?o os Ministros que averbam os fracassos governativos mais espectaculares s?o precisamente os Ministros ligados ? actividade produtiva, os Ministros da Economia e da Agricultura, e a Ministra do Emprego. Ao longo destes quase dois anos de Governo do PS, acentuou-se o processo de desindustrializa??o, e not?cias recentes, como as que ainda esta semana surgiram sobre o sector metalomec?nico mostram que esse processo tende a agravar-se mais ainda; quanto ? agricultura e ?s pescas, prosseguiu o irrespons?vel processo do seu desmantelamento, deixando o Pa?s cada vez mais ? merc? das importa??es alimentares; o com?rcio, ao mesmo tempo que ? cada vez mais dominado pelas cadeias internacionais e pelas grandes superf?cies, sofre duramente a falta de din?mica do consumo privado, como resultado do escasso poder de compra e da falta de confian?a dos consumidores no futuro; quanto ao desemprego, n?o s? se consolida como um elemento estrutural da sociedade continuando sem qualquer perspectiva de solu??o, como se agrava o desemprego de longa dura??o, conduzindo milhares de cidad?os em idade activa ao drama da exclus?o e da pobreza; quanto ? qualidade do emprego, continua o processo da sua degrada??o, em tais termos que hoje nenhum jovem espera ter emprego est?vel, condenado como est? ao recibo verde, ao contrato meio clandestino ou ao biscate de ocasi?o. Dir-se-? que este ? um resultado inevit?vel de um Governo PS que abandonou voluntariamente todas as refer?ncias de esquerda e socialistas e que n?o se quis mais do que um "gestor do capitalismo". S? que, pior do que um "gestor do capitalismo", o Governo assumiu-se como um servidor cego e obediente das orienta??es neo-liberais e monetaristas impostas pelo mais alto poder pol?tico, econ?mico e financeiro europeu e mundial. Mais do que "gestor do capitalismo" o Governo PS adoptou como pol?ticas alguns dos aspectos mais injustos e desumanos do capitalismo selvagem. E ? desta orienta??o fundamental que resultam alguns dos tra?os mais significativos das pol?ticas governamentais, que aqui registamos em sete notas acusat?rias. : acusamos o Governo de ter abandonado uma s?ria perspectiva social da pol?tica em benef?cio do poder das for?as do mercado. ? o que resulta, por exemplo, das amea?as lan?adas sobre o sistema de Seguran?a Social. ? o que resulta do sistem?tico desarmamento do Estado para o exerc?cio das suas fun??es sociais, como se o Estado fosse alheio aos valores da justi?a, solidariedade e seguran?a que s?o patrim?nio da sociedade e conquistas alcan?adas ao longo de anos e anos de lutas sociais que marcaram profundamente o pensamento da esquerda. N?o se trata de atender ?s situa??es-limite de pobreza e exclus?o, trata-se da protec??o e garantia dos direitos sociais fundamentais a toda a popula??o, incluindo, entre outros, os direitos ? educa??o, sa?de, seguran?a social e habita??o. Trata-se da situa??o dos trabalhadores, das profundas car?ncias dos idosos e reformados, dos direitos da juventude, das mulheres, dos deficientes. Uma real perspectiva social p?e estes princ?pios e os direitos destas camadas acima das exig?ncias neo-liberais e monetaristas. ? isso que tamb?m distingue a esquerda. Em segundo lugar, e em consequ?ncia, acusamos o Governo de ter posto ? frente dos interesses das pessoas, as press?es dos lobbyes dos grupos econ?micos e as exig?ncias cegas dos mercados financeiros. N?o h? mat?ria em que o Governo tenha falhado t?o rotundamente como na promessa de que iria governar para as pessoas. O alto des?gnio, hoje mais que uma vez confessado pelo Governo, n?o s?o as pessoas, s?o os crit?rios de Maastricht. Em vez de pessoas, o Governo fala de competitividade, eufemismo para o lucro dos grandes, a que o Governo quer sacrificar tudo, incluindo as pessoas, o seu emprego, a sua subsist?ncia e a das fam?lias. Em terceiro lugar, acusamos o Governo de sacrificar os interesses nacionais, em benef?cio da constru??o de uma Europa federal e para ganho de grandes empresas estrangeiras que cada vez mais dominam a economia portuguesa. Muito para al?m das consequ?ncias objectivas do processo de internacionaliza??o, o Governo capitula perante todas as exig?ncias dos pa?ses mais poderosos, permitindo que sectores fundamentais da nossa economia, incluindo os t?xteis, metalomec?nica pesada, conservas, agroalimentar, pescas, agricultura, constru??o naval, etc., sejam desmantelados ou levados a situa??es de concorr?ncia desleal que os condena ? fal?ncia e, a prazo, ao desaparecimento. Em quarto lugar, acusamos o Governo de deixar os problemas fundamentais sem solu??o, governando mais para a auto-propaganda do que para o Pa?s. Pol?ticas como da Educa??o, da droga, da sa?de, etc., s?o bem demonstrativas. Na educa??o o Governo elege as propinas como paix?o e prefere mercantilizar o sistema educativo, ignorar os numerus clausus e as exig?ncias e as necessidades do desenvolvimento nacional. Quanto ? toxicodepend?ncia passado o "Dia D" verifica-se que as filas de espera nos Centros de Atendimento (CAT's) para consulta chegam aos 6 meses, continuando o Governo a n?o apostar numa rede p?blica de "comunidades terap?uticas". E a reinser??o socio-laboral ? pouco mais que inexistente. Tamb?m nestes dom?nios a esquerda se afirma pelo combate ao elitismo, ao negocismo e por assumir as fun??es sociais do Estado dando a m?xima efic?cia aos dinheiros p?blicos. Em quinto lugar, acusamos o Governo de desbaratar o patrim?nio p?blico, num aut?ntico regabofe de privatiza??es e concess?es de servi?os p?blicos que torna o Pa?s num despudorado casino onde s? ganham os grandes grupos econ?micos nacionais e estrangeiros. Com a desculpa impl?cita de Maastricht e com a desculpa da necessidade de diminuir o peso da d?vida e o d?fice p?blico, foram postas ? venda empresas estrat?gicas, que constituem um alto valor patrimonial constru?do ao longo de gera??es. Para for?as de esquerda que tenham o sentido da import?ncia de um sector p?blico estrat?gico e que saibam representar os sacrif?cios de gera??es que permitiram a sua constitui??o, o que o Governo tem feito constitui um crime contra a colectividade, s? com semelhan?a na despudorada venda de bens nacionais feita no s?culo passado e que esteve na origem das grandes fortunas fundi?rias da nova burguesia. Vender como o Governo tem feito, empresas como a EDP, a Telecom, a Tabaqueira... ? ter perdido o sentido do interesse nacional. Mas a sanha privatizadora do Governo n?o tem limites. Quer privatizar tudo: estradas, aeroportos, ?gua e lixos, ind?stria militar, vai tudo raso! Como comentava um ilustre autarca socialista (M?rio de Almeida, "Seman?rio", de 21.06.97) ?o Governo n?o pode ter uma l?gica social na Europa e ultraliberal aqui...?. Em sexto lugar, acusamos o Governo de defraudar os interesses e direitos dos trabalhadores, como designadamente fez com a promessa n?o cumprida das 40 horas, com a aprova??o da lei da flexibilidade e polival?ncia, com a rejei??o da reposi??o da idade da reforma das mulheres aos 62 anos ou com as amea?as do aumento da idade da reforma. E para que ningu?m fique com d?vidas acerca do significado desta acusa??o, aqui reafirmamos que n?o h? pol?tica de esquerda que n?o tenha a defesa do mundo do trabalho como crit?rio e objectivo essencial. Uma pol?tica de esquerda tem os interesses e direitos dos trabalhadores no lugar de honra, e n?o os crit?rios de Maastricht como faz o Governo. Em s?timo lugar, acusamos o Governo de ter ocupado sistematicamente o aparelho de Estado com"tachos para a rapaziada", os famosos boys que o senhor Primeiro Ministro esconjurou mas a quem depois abriu a porta complemente. Ali?s, quanto ? proclamada tese de que, o que distingue os governos do Partido Socialista Europeu, incluindo o PS, dos Governos do Partido Popular Europeu, incluindo o PSD, ? a "forma de governar", ? o "estilo"(!), pelos vistos a diferen?a n?o ? assim t?o grande. Quem fala da arrog?ncia dos Governos PSD pode encontr?-la no comportamento por exemplo do Ministro Sousa Franco, que vai ficar conhecido pelo ministro dos avales e Pilatos como o foi com o IVA em rela??o ao seu Secret?rio de Estado ou com o Ministro da Economia em rela??o aos neg?cios do Aut?dromo e da Torralta. Est? a passar a fronteira do autismo. Quem fala das tiradas demag?gicas g?nero "deixem-nos trabalhar", pode encontr?-la na crise fic??o das finan?as locais e na p?fia ida ? televis?o do Primeiro Ministro. Quem fala do "Estado laranja" e dos tachos do PSD, encontra os jobs do PS e a vergonhosa utiliza??o do aparelho de Estado para interesses partid?rios e eleitoralistas. Quem fala de privilegiar o bet?o, h?-de achar que o Ministro Cravinho e as suas privadazinhas n?o desmerecem. Falar? o Primeiro Ministro nas gravuras de Foz-Coa e das pegadas da Pedreira de Rio Maior. Conceda-se: em mat?ria de paleol?tico e de dinossauros este Governo tem um estilo diferente do anterior. S? ? pena n?o ser poss?vel dizer o mesmo em mat?ria de pessoas! Senhores Deputados Fazemos estas sete acusa??es com a exacta consci?ncia do que ? que elas significam. Desde que o Governo se formou e apresentou o seu programa e as linhas fundamentais das suas orienta??es pol?ticas, que afirm?mos que o PCP era oposi??o e oposi??o de esquerda. Denunci?mos o facto de o Governo com o seu Programa estar a defraudar a vontade de mudan?a que o eleitorado portugu?s tinha manifestado no dia das elei??es, 1 de Outubro de 95. Decorridos estes quase dois anos, as sete acusa??es que formulamos s?o a prova de que a pr?tica pol?tica do Governo traiu os portugueses e a sua vontade de mudan?a. A lista das promessas n?ocumpridas ? enorme : Onde est? a luta contra a injusti?asocial? Lembram-se quando o Eng. Guterres dizia que Portugal n?ose podia desenvolver ? custa dos baixos sal?rios? Onde est? a maior e melhor seguran?a dos cidad?os e o refor?o e plena concretiza??o dos direitos dos agentes das for?as policiais? Onde est? a prometida pol?tica integrada de juventude? Onde est? a pol?tica progressista em rela??o ? mulher (idade da reforma, Interrup??o Volunt?ria da Gravidez, Uni?es de facto, "quotas"...) Que ? feito do refor?o estrutural da economia portuguesa, onde param as pol?ticas econ?micas orientadas para um desenvolvimento sustent?vel, regionalmente equilibrado, socialmente justo e criador de emprego? Mas a principal e fundamental promessa incumprida, foi a de abandonar a pol?tica da direita. Pelo contr?rio: o Governo PS optou decididamente pelas pol?ticas de direita, de continuidade das pol?ticas dos Governos do PSD, e ao longo deste tempo, sempre procurou para as quest?es essenciais o apoio da direita. Foi assim com a pol?tica econ?mica e financeira, com os Or?amentos do Estado, com as leis laborais, com a pol?tica europeia, com a revis?o constitucional, e mesmo na regionaliza??o, no que toca a calend?rios e m?todos, ? a direita que o PS procura ficando inclusivamente nas suas m?os. Ora com o PSD e PP, ora com o PSD, ora com o PP quando o PSD por manobra se entende distanciar, o Governo PS fez da direita o seu rumo, a sua muleta e o seu c?mplice. Por isso n?o espanta que Ferraz da Costa afirme mesmo que o Eng. Guterres ? mais liberal do que Cavaco Silva! Ali?s, esta interpela??o ocorre precisamente quando o entendimento essencial com o PSD ? mais vasto e mais profundo. PS e PSD estiveram h? dias juntos no apoio ?s decis?es do Conselho Europeu de Amsterd?o, incluindo a decis?o de deixar intocado o objectivo da moeda ?nica e todo o cap?tulo da UEM no Tratado de Maastricht, bem como de n?o mexer no Pacto de Estabilidade, com a sua imposi??o para o futuro, para al?m da moeda ?nica, dos crit?rios monetaristas e neo-liberais de Maastricht. PS e PSD estiveram e est?o juntos mais uma vez no adiamento do processo de Regionaliza??o, no incumprimento da data de 15 de Julho como data limite para aprova??o no grupo de trabalho do mapa das regi?es e no adiamento para depois da revis?o ou talvez para todo o sempre. PS e PSD est?o juntos neste momento no objectivo de concretizar o seu vergonhoso acordo de revis?o constitucional a mata-cavalos, antes de f?rias para que passe o mais despercebido poss?vel. Como dizia uma deputada socialista ?esta revis?o constitucional n?o ? decisiva para o Pa?s nem d? de comer a ningu?m?. E acrescentava: ?nas quest?es de fundo ? um Tratado de Tordesilhas feito entre o PS e o PSD para repartirem entre si o territ?rio eleitoral...?. De facto o que no essencial se pretende com a revis?o ? atrav?s da redu??o do n?mero de deputados combinado com os c?rculos eleitorais a obten??o de maiorias com menos votos. Maiorias de secretaria... Mas como pode um cidad?o de esquerda estar de acordo com estas engenharias eleitorais, ou com a decis?o de se consagrar a exist?ncia apenas facultativa de um sector p?blico, ou com a retirada de marcas do 25 de Abril ou com a inviabiliza??o de referendo sobre a moeda ?nica, ou com o voto sem equidade nem possibilidade de controlo dos emigrantes para a Presid?ncia da Rep?blica, ou tamb?m com a constitucionaliza??o de limita??es ? lei da greve, ou ainda com o aprisionamento da Regionaliza??o ? vontade do PSD. Um cidad?o de esquerda n?o pode aceitar que o PS tenha acordado com o PSD uma revis?o satisfazendo todas as velhas exig?ncias da direita que vem do tempo de Soares Carneiro. Um acordo que PSD e PP consideram uma vit?ria. Um acordo que levou ? demiss?o do Presidente do Prupo Parlamentar do PS e do Presidente da CERC e que tem o rep?dio da opini?o democr?tica. Mas este ? o acordo que o Primeiro-Ministro quer, contra tudo e contra todos, se traduza na Revis?o at? 31 de Julho. Do mesmo Primeiro-Ministro que tamb?m com as suas declara??es derrotou na pr?tica o projecto assinado por 50 deputados socialistas sobre o IVG e que se op?s a que o PS apresentasse qualquer projecto sobre "Uni?es de facto"... Do mesmo Primeiro-Ministro que ainda h? dois meses declarava que o PS e o Governo "s? t?m feito asneiras". Do mesmo Primeiro-Ministro que j? se mostrou publicamente arrependido do Totoneg?cio, mas que mant?m um pudico e prudente sil?ncio sobre os avales do ministro das Finan?as, que nada diz, por exemplo, quando um deputado socialista acusa o seu Ministro da Agricultura de "defender interesses" e de ter uma pol?tica agr?cola de "continuidade" da pol?tica do PSD, ou quando este por sua vez ofende os agricultores portugueses dizendo-lhes que n?o sabem produzir fruta. De um Primeiro-Ministro que devendo exigir solidariedade entre os seus ministros deixa por exemplo, que o Secret?rio de Estado dos Assuntos Parlamentares comente o fracasso do Plano Mateus nos seguintes termos (JN de 18.06.97): ?Houve um excesso de ingenuidade na apresenta??o do Plano...?, ?O Plano n?o produziu os resultados esperados...?! Coitado do ing?nuo Ministro Mateus... Senhor Presidente Senhores DeputadosO PS come?a a sentir o terreno que pisa inseguro e movedi?o.Mas em vez de mudar de rumo tenta as ?chantagens? e usa e abusa do aparelho de Estado para fins partid?rios e eleitoralistas. Ele s?o os boys nomeados logo ap?s serem apresentados como candidatos, eles s?o os governadores civis na distribui??o de cheques algumas vezes com os candidatos ?s C?maras pela m?o, ele ? a apresenta??o de candidatos com o an?ncio de ministros, ele ? o atrasar e adiantar obras em socorro dos autarcas na "corda bamba", ele s?o as inspec??es ?s C?maras e a divulga??o ? imprensa de conclus?es no preciso momento do an?ncio das candidaturas, ele s?o as visitas de ministros e mais ministros, como em Coimbra que s? nos ?ltimos dois meses recebeu 10 Secret?rios de Estado e 11 ministros, com realce para a Ministra do Emprego por coincid?ncia Deputada pelo respectivo c?rculo! Um fartote! Simultaneamente retoma a velha tese das "for?as de bloqueio" com aquilo a que chama "coliga??es negativas" e, de dois em dois meses, diz que se vai demitir, no estilo do valent?o que grita "agarrem-me... sen?o eu bato-lhe!". Ali?s o PS nem tem muito que se queixar pois at? agora s? teve quatro propostas rejeitadas. A do totoneg?cio, a do c?digo penal com os cortes de estrada, a dos estrangeiros na televis?o, e agora a das Finan?as Locais. Admitimos que a ideia da demiss?o j? tenha passado pela cabe?a dos dirigentes do PS. O desejo de poder absoluto ? claro! Ensaiaram dramatiza??es mas o que aconteceu ao Sr. Jupp? esfriou-lhes os ?nimos ... para j?. A dramatiza??o acerca da sua m? proposta de lei das Finan?as Locais para n?o ter uma derrota pol?tica foi uma encena??o falhada. Uma encena??o falhada porque: 1? o PS e todos os partidos sabiam que n?o havia vazio legal; 2? que h? tr?s projectos aprovados em Comiss?o para a elabora??o de uma nova lei; 3? que a nova lei nunca ser? aprovada a tempo de ter implica??es no pr?ximo Or?amento; 4? que os "custos" da nova lei nunca por? em causa o Euro pois este tanto ? des?gnio do PS como do PSD... Para qu? ent?o aquela farsa? Para preparar um pretexto futuro? Para tentar condicionar outras vota??es? O Pa?s o que precisa ? de resposta aos problemas e n?o de encena??es e de dramatiza??es para efeitos medi?ticos. De uma pol?tica que d? prioridade ?s actividades produtivas e n?o ?s actividades especulativas e parasit?rias, que melhore a reparti??o do rendimento Nacional e n?o a concentra??o da riqueza, que aumente o poder de compra e alargue o mercado interno e n?o o seu estreitamento, que promova o emprego com direitos e n?o os v?nculos prec?rios, os biscates e o trabalho clandestino. De uma pol?tica que na Uni?o Europeia se bata pela concretiza??o do princ?pio da "coes?o econ?mica e social" e de medidas de combate ao desemprego e n?o de uma pol?tica de obedi?ncia servil e cega ? marcha acelerada e for?ada para a Moeda ?nica. ? inaceit?vel que o Pa?s chegue a 31 de Maio com uma taxa de execu??o de 15% do II Quadro Comunit?rio de Apoio numa clara incapacidade de gerir com efic?cia os meios financeiros dispon?veis... (economia virtual) E n?o ? a economia virtual que disfar?a o mal estar... O mal estar sentido ou difuso, a inseguran?a quanto ao posto de trabalho futuro, a indigna??o face ?s injusti?as, o protesto e a luta das mais diversas camadas sociais - classe oper?ria, trabalhadores da Administra??o e da Fun??o P?blica, professores e alunos, armadores, agentes funer?rios, guardas florestais, mineiros, pol?cias, t?m tamb?m reflexos e express?o mesmo dentro do PS. Por isso n?o ? de estranhar que um dirigente socialista tenha afirmado que o "Governo precisa de vitaminas", que outro socialista diga ? laia de desculpabiliza??o que "se criaram expectativas irrealistas durante os "Estados Gerias", que outro no Porto, proteste contra a taxa de desemprego no distrito e que outro ainda afirme que "o PS navega ? vista, para n?o dizer ? deriva"... Mas esta express?o de descontentamento tem tamb?m o seu jogo de sombras quando se pretende mostrar que h? dois "PS"; o PS/Governo e o PS/JS; o PS governo e o PS oposi??o. O PS situa??o e o PS alternativa a si pr?prio. Mas n?o ? o jogo de sombras, nem a multiplica??o das doses de propaganda, nem a divulga??o de suced?neos da tese do "O?sis", nem as estat?sticas criativas que alteram a realidade. E a realidade o que nos mostra ? que h? muitas fam?lias a viverem mal, muitas que n?o ter?o f?rias ou que n?o sair?o de casa este ver?o. A realidade ? a que nos coloca no "pelot?o da frente" em rela??o ?s taxas de pobreza, ?s desigualdades, ?s taxas de analfabetismo, aos baixos sal?rios e baixas reformas. Ningu?m pode ficar indiferente em rela??o a este quadro, nem quando v? empresas e sectores produtivos a serem liquidados, ou quando toma conhecimento que cerca de 50% da popula??o activa tem v?nculos prec?rios... O rendimento M?nimo foi uma medida positiva e ficamos satisfeitos por termos sido os primeiros a apresentar tal medida na Assembleia da Rep?blica. Mas creio que nos deve fazer pensar a todos porque raz?o ? que havendo um significativo desenvolvimento das for?as produtivas, se t?m de multiplicar as sopas dos pobres, os bancos a favor da pobreza e medidas como o Rendimento M?nimo! Isto n?o ? a consequ?ncia da pol?tica de casino, da pol?tica de concentra??o de riqueza, da pol?tica neo-liberal e da marcha for?ada para a moeda ?nica, da pol?tica ditada n?o pelas pessoas e a favor das pessoas, mas pelos mercados financeiros? Haver? muita gente no PS que pensa que sim, que n?o aceita os dogmas do neoliberalismo e do ?pensamento ?nico?. Senhores Membros do Governo Senhor Primeiro Ministro O Pa?s precisa de uma pol?tica de esquerda e n?o da continua??o nas quest?es essenciais da pol?tica de direita. O Pa?s precisa de uma pol?tica que defenda e valorize a produ??o nacional e n?o de uma pol?tica que abra as portas ? sua destrui??o. O Pa?s precisa que se dignifique quem trabalha e n?o de uma pol?tica ao servi?o dos grandes senhores do dinheiro, que lan?a no desemprego ou empurra para a emigra??o a sua for?a de trabalho. Continuaremos, por isso a nossa luta por um novo rumo para Portugal. Disse

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