escrita de Sandra Pereira no Parlamento Europeu

Ingerência e desinformação externas nos processos eleitorais e nos processos democráticos nacionais e europeus

A obsessão da UE relativamente à eventual interferência de países terceiros nos processos democráticos dos seus Estados-membros é, mais que tudo, um exercício de cinismo, quando se sabe que é ela própria, a UE, uma fonte constante de ingerência na soberania de outros países.  Não é estranho, portanto, que esta resolução seja useira de acusações sem sustentação e vezeira no apoio a organizações que visam a desestabilização dos países terceiros, no controlo sobre os dados e as informações pessoais dos cidadãos, na afirmação dos interesses militares e geoestratégicos de uma UE sempre mais preocupada com os mercados que com a democracia.
 
As fake news, a qualidade da informação e a literacia informacional devem ser questões que nos preocupem a todos. Mas temos de reconhecer que, frequentemente, é a UE e as instituições europeias que promovem as fake news.
Enfrentar este problema não se faz com a invenção de um inimigo externo; faz-se com a democratização dos órgãos de comunicação social, com o fim da concentração em grandes grupos dos meios de comunicação, com o fim da submissão dos conteúdos aos interesses dos grandes grupos económicos, com o reforço dos meios públicos de comunicação social, com a valorização das condições de trabalho dos profissionais do sector.

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