Intervenção de Miguel Viegas, 1º Candidato da CDU às eleições legislativas pelo Círculo Eleitoral de Aveiro, Jantar-Comício da CDU

Encaramos estas eleições com um enorme determinação e confiança

Estamos hoje a preparar-nos para mais uma importante batalha eleitoral. Uma batalha importante que acontece num momento particularmente difícil da nossa história. Um momento difícil que não é naturalmente obra de qualquer intempérie ou consequência de qualquer acontecimento fortuito.

Não camaradas e amigos, este momento particularmente difícil, decorre de opções políticas concretas assumidas por PS, PSD e CDS ao longo das últimas décadas e com particular destaque para o período recente de integração de Portugal da UE e no Euro.

E quando falamos da atual crise social e económica, importa dizer que a mesma tem uma expressão particularmente vincada aqui no nosso distrito. O distrito de Aveiro, talvez como nenhum outro no país, tem sido alvo de todos os ataques e de todas as experiências por parte do grande capital, constituindo assim uma espécie de laboratório de ensaio da política de direita.

A par do declínio económico com o encerramento de milhares de empresas, do desemprego em massa e da imigração dos nossos jovens, a população do distrito de Aveiro tem sofrido na pele todos os ataques aos serviços públicos, com encerramentos de serviços tal importantes como sejam as escolas, serviços hospitalares, tribunais, estações de correio ou outros serviços desconcentrados da administração pública.

Camaradas, não é preciso ir mais longe do que as capas dos jornais para vermos as consequências desastrosas desta política para os utentes do Hospital São Sebastião, na Feira, dimensionado para 150.000 pessoas mas que agora abrange um universo de 400.000.

Camaradas e amigos, trata-se apenas de um exemplo pois a lista é longa e só não é mais longa devido à resistência dos trabalhadores e das populações onde invariavelmente os militantes, amigos e simpatizantes da CDU estão envolvidos na dinamização das lutas.

Mas camaradas, não é apenas no sector público que se sente as consequências da política de direita. Vejam aqui mesmo ao lado, o caso da Portucel ou da Vulcano, empresas que apresentam lucros de milhões graças à exploração de uma mão-de-obra cada vez mais precarizada e mal paga.

Veja-se o caso da Renault, outra empresa que apresenta milhões de lucros. Pois bem, apesar dos lucros terem triplicados em 2014 face ao ano anterior, com um lucro líquido superior a 4 milhões de euros, a empresa teve a distinta lata de apresentar uma proposta de aumentos salarial de 12 euros, camaradas, 12 euros, quando não houve qualquer aumento em 2014. Ao mesmo tempo exigiu mais flexibilidade com a imposição do banco de horas.

Felizmente, a luta dos trabalhadores da Renault acabou coroada de sucesso, com uma sucessão de greves com adesões quase totais que levaram a uma retumbante vitória dos trabalhadores com um aumento salaria de 30 euros.

Para lá deste aumento salarial destaque-se a integração no quadro de 45 trabalhadores que estavam a prazo mas a desempenhar tarefas permanentes.

Sublinho isto camarada e amigos porque esta é a demonstração de várias coisas. Em primeiro, que vale mesmo a pena lutar. Mas demonstra igualmente a união dos trabalhadores e a solidariedade que desmente de forma categórica o propósito daqueles que apostam na divisão dos trabalhadores, designadamente entre os que têm vínculos precários e vínculos efectivos.

Pois bem camaradas, daqui saudamos os trabalhadores da Renault que não se amedrontaram e foram para a luta, numa batalha que é muito mais vasta e que terá seguramente repercussões muito para lá da empresa.

Neste sentido, nunca é demais lembrar que neste grande coletivo da CDU, não dissociamos a luta em defesa dos interesses dos trabalhadores e das populações das eleições. Ao longo destes quatro anos, trabalhamos muito, lutámos muito como nenhuma outra força política o fez. O balanço foi de resto apresentado na última segunda-feira no qual se prova que, apesar de não termos eleito nenhum deputado nas últimas eleições legislativas, fizemos mais trabalho que PS e PSD. O balanço está feito, e está disponível para quem o quiser consultar. O que importa aqui referir é que ele resulta de um trabalho exemplar de articulação entre a intervenção institucional e a luta de massas. Quem quiser dar-se ao trabalho de visitar o site da Direção Regional de Aveiro do PCP, poderá ver os eleitos da CDU, seja no Parlamento Europeu, na Assembleia da República ou nas autarquias, a trabalhar em conjunto com as organizações locais do PCP e do PEV, reunindo com instituições, contactando com as populações e com os trabalhadores à porta das fábricas de norte a sul do distrito. Assim se consolida este amplo espaço de intervenção democrática que é a CDU, mobilizando e lutando todos os dias e não apenas em vésperas de eleições.

Camaradas e amigos, nós não estamos condenados a este declínio. Quem trabalha diariamente com as populações, quem contacta e reúne com as mais diversas instituições da região como o fazemos, sabe que este distrito tem enormes potencialidades. Mas são potencialidades que esbarram com a política de direita que apenas serve os interesses dos grandes grupos monopolistas. Quando visitamos o porto de Aveiro, e nos damos conta do seu subaproveitamento, o que vemos? A sua gestão esta concessionada à Mota Engil que por sua vez gere igualmente o porto de Leixões e está naturalmente interessado em servir os seus interesses particulares em detrimento do desenvolvimento da região. Veja-se o baixo Vouga Lagunar, com uma obra que ficou parada no tempo e cuja conclusão, prometida há muito permitiria criar milhares de hectares de regadio. Temos um setor de produção de móveis que importa madeira quando a nossa floresta está ao abandono. Temos igualmente reunido com representes dos outros setores industriais que se queixam do preço da energia, da escassez do crédito e das taxas de juro. Mas então, perguntamos, faz ou não faz falta uma política patriótica e de esquerda que possa pôr a região a produzir, aproveitando os seus imensos recursos?

Como ficou bem patente nas jornadas parlamentares que o PCP organizou recentemente em Aveiro, temos de facto todas as condições para dar a volta a isto. Mas precisamos da força do povo! Uma força do povo que ficou bem expressa na magnífica marcha que encheu a avenida da liberdade em Lisboa e que espelha bem a condições objetivas de crescimento da CDU.

Por isso, encaramos estas eleições com um enorme determinação e confiança. Devemos transportar esta confiança, transmitindo-a aos trabalhadores do distrito de Aveiro dizendo-lhes que vale mesmo a pena votar na CDU no próximo mês de outubro.

Vale a pena porque a CDU é de facto uma força de confiança, uma força que trabalha e presta contas. Uma força que está no terreno e que é reconhecida pela sua seriedade e pela sua coerência. A este propósito, quero aqui expressar a honra que sinto em encabeçar esta candidatura e o prazer de poder fazer parte deste grande coletivo e desta grande força transformadora. Podem contar com o meu total empenho, assim como tenho a certeza de poder contar com todos vós para esta exaltante batalha que temos pela frente.

Mas como dizia, vale a pena votar na CDU porque acreditamos que Portugal e a região de Aveiro possuem recursos imensos que são desaproveitados por falta de políticas adequadas à realidade do distrito. Recursos naturais, nas pescas e na agricultura mas também na indústria e nos serviços. Recursos na população jovens e instruída que está a abandonar o país comprometendo o seu futuro. Estamos por isso em condições de dizer ao povo de Aveiro que temos um projeto de desenvolvimento alternativo para a região de Aveiro. Um projeto que nasce do trabalho, da intervenção e da luta e que apresentamos ao povo de Aveiro como a única alternativa capaz de romper com este declínio que tem vindo a destruir paulatinamente o nosso aparelho produtivo que levou séculos a construir.

Vale a pena votar na CDU porque a CDU avança com toda a confiança crescendo em sucessivos atos eleitorais. Há quatro anos crescemos nas legislativas ficando perto de eleger aqui em Aveiro. Depois crescemos na autarquias com mais votos e mais eleitos. Crescemos mais uma vez das eleições europeias, elegendo mais um deputado. E vamos seguramente crescer nas próximas eleições elegendo pelo menos um deputado da CDU por Aveiro, que tanta falta faz aos trabalhadores e ao povo do distrito!

Temos vindo dia após dia a percorrer o distrito contactando com milhares de pessoas. Quero aqui testemunhar em nome de todas aqueles que têm participado em tantas e tantas ações, o bom ambiente existente à volta da nossa candidatura. Todos temos mais ou menos a noção de que cada vez mais portugueses percebem que nestas eleições, a única escolha que está em cima da mesa é, ou votar na continuidade da mesmas políticas de afundamento do país e da região, através dos partidos da Troika, ou então votar num projeto sólido e coerente de rutura de mudança e esperança, apoiando a CDU.

Mas também todos devemos ter a noção de que as coisas não vão ser fáceis daqui em diante. Já cá andamos há muito e sabemos bem a disparidade de meios entre as candidaturas. Podemos já antever a avalanche mediática que irá aumentar daqui para a frente. Sabemos portanto que este capital de confiança que sentimos hoje deve ser defendido com unhas e dentes. Se até aqui a nossa presença na rua era indispensável, sê-lo-á a partir de agora ainda mais. E felizmente, temos um colectivo à altura desta imponente tarefa.

Está na nossa mão a construção de um grande resultado eleitoral camaradas!

Um resultado construído a partir de uma ampla campanha de massas, que espelhe também a nossa forma de estar na política, sempre bem próximos das populações dos trabalhadores e dos seus problemas e anseios!

Sabemos que não será tarefa fácil, mas a realidade objectiva e a confiança ilimitada na força e na justeza do nosso projeto faz-nos acreditar que desta vez será possível concretizar um sonho, que é termos o distrito de Aveiro representado em carne e osso na Assembleia da República

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