Nota do Gabinete de Imprensa do PCP

Em nome da paz e da verdade – contra o fascismo e a guerra - Há 79 anos, a Alemanha nazi lançou a guerra contra a URSS

Há 79 anos, na madrugada de 22 de Junho de 1941, a Alemanha nazi atacava, sem declaração de guerra, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Abria-se a principal Frente da Segunda Guerra Mundial, aquela em que se decidiria o destino da mais sangrenta guerra da história e a derrota da Alemanha fascista, selada quatro anos depois, com a queda de Berlim e o hastear da bandeira soviética sobre as ruínas do Reichstag, no início de Maio de 1945.

O ataque à União Soviética pelas hordas de Hitler confirmava os objectivos estratégicos do expansionismo nazi, em busca do «espaço vital» a Leste, elemento inseparável do anti-comunismo militante das potências do Eixo – Alemanha, Itália e Japão – congregadas na aliança fascista Anti-Komintern. Com o lançamento da operação «Barbarrossa» da Wehrmacht contra a URSS, cumpriam-se também os desígnios da política de conivência com o avanço do fascismo por parte das classes dirigentes das grandes potências capitalistas (França, Reino Unido e Estados Unidos da América), visando empurrar o militarismo e expansionismo nazis contra a URSS. Assim se compreende a rejeição de Londres e Paris às contínuas propostas de Moscovo de formação de uma “coligação” anti-nazi, à luz de um trajecto histórico de apoios velados e activa cumplicidade com o militarismo da Alemanha nazi, passando pela infame partição da Checoslováquia no Pacto de Munique – que abriu as portas ao expansionismo alemão e ao início da Guerra – e, anteriormente, pela hipocrisia da «política de neutralidade» na guerra civil de Espanha ou a vergonhosa claudicação perante a anexação da Áustria pela Alemanha fascista.

Desde os primeiros dias do ataque à URSS, as tropas nazis enfrentaram uma encarniçada resistência. Logo na fronteira soviética, a resistência épica dos soldados do Exército Vermelho na Fortaleza de Brest durou mais tempo do que a oposição militar realizada noutros Estados europeus à besta de guerra nazi. A estratégia alemã da guerra-relâmpago foi definitivamente derrotada às portas de Moscovo, no final do Outono de 1941, cuja batalha marcou a primeira derrota estratégica sofrida pela Alemanha na Segunda Guerra Mundial.

Para os povos da URSS, os 1418 dias da Grande Guerra Patriótica (1941-1945) constituíram uma saga imorredoura, comprovando a superioridade do jovem sistema socialista saído do triunfo da Revolução de Outubro de 1917, tanto na frente militar, como na rectaguarda, assegurando a organização e funcionamento da economia, da produção industrial e das tarefas produtivas no seu todo. É heroica a memória dos que tombaram e ofereceram o seu melhor em prol da Vitória, contribuindo para a derrota da barbárie, em defesa da liberdade e democracia no mundo. A Vitória sobre o nazi-fascismo alcançada a 9 de Maio de 1945 com a assinatura em Berlim da rendição incondicional da Alemanha fascista significou para o povo soviético um elevadíssimo custo de mais de 20 milhões de vidas.

Contrariando insistentes campanhas de falsificação e reescrita da História, é oportuno voltar a recordar, 79 anos passados do dia 22 de Junho de 1941, que a coluna vertebral da máquina de guerra nazi foi quebrada e destroçada pelas tropas soviéticas. Lembrar que quando os aliados ocidentais abrem finalmente a Frente Ocidental, em 1944, na Normandia, combatiam na Frente Leste 92 por cento das tropas terrestres da Alemanha. É na Frente Leste que são destruídos 75 por cento dos tanques, peças de artilharia e aviões de combate das tropas nazis no decurso da Guerra.

Por muito que o sistema dominante tente hoje promover perigosas campanhas de branqueamento do fascismo, a verdade é que em todas as principais frentes de batalha da Segunda Guerra Mundial, da Europa à Ásia, os comunistas estiveram na vanguarda da resistência antifascista e deram o seu contributo decisivo para a Vitória. A Vitória de 1945 contra o nazi-fascismo, alcançada à custa de incomensuráveis sacrifícios, demonstrou que, mesmo perante adversidades e poderosos inimigos, é possível resistir e vencer.

Neste ano em que se comemoram os 75 anos do dia da Vitória, num tempo de incertezas, marcado pelas consequências do aprofundamento das contradições e crise estrutural do capitalismo – cuja incidência o actual surto epidémico veio agravar –, em que assoma perigosamente o ressurgimento da ameaça do fascismo e da guerra, é mais necessária a defesa da verdade e a clara rejeição da sua adulteração.

Impõe-se retirar as lições da história na luta presente contra o imperialismo e a guerra, desmascarando a agenda obscura das forças reaccionárias e neofascistas engendradas pelo grande capital – num contexto de generalizada agudização de contradições e gradual declínio relativo dos EUA e das principais potências capitalistas – e afirmando a luta pela liberdade, a democracia, a soberania e a paz.

Impõe-se, em particular, rejeitar firmemente as tentativas de grosseira falsificação da História da Segunda Guerra Mundial e seus objectivos, que servem para caucionar a acção dos sectores mais agressivos do imperialismo e branquear os atrozes crimes do fascismo – chegando ao ponto de responsabilizar a URSS pela início da Guerra, como o fez uma deplorável resolução do Parlamento Europeu, aprovada em Setembro de 2019.

Ao assinalar os 79 anos do ataque da Alemanha fascista à URSS, o PCP reafirma o seu compromisso de sempre com os trabalhadores e o povo português, com os ideais da liberdade, da democracia, do progresso social, do socialismo, da paz, a que dedicou os seus quase cem anos de vida. Assim como reafirma a sua confiança em que a unidade e a luta das forças anti-fascistas e anti-imperialistas do mundo derrotará as inquietantes ameaças contra a liberdade, o progresso social e a paz que pairam sobre a Humanidade.