Hoje, na Comissão de Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu, Miguel Viegas, deputado do PCP, interpelou o presidente do BCE, Mário Draghi, sobre a participação deste no chamado “Grupo dos Trinta” (G30). O denominado “G30”, organização privada sediada em Nova Iorque, reúne as principais instituições financeiras mundiais, entre as quais bancos, como o UBS ou a JP Morgan, que são supervisionados directamente pelo BCE. A promiscuidade entre alguns legisladores e supervisores e o capital financeiro é chocante e faz deste grupo um caso paradigmático no mundo das transnacionais financeiras

Esta situação não representa um caso isolado e demonstra bem a falácia de um BCE independente e transparente. O caso da participação de Mário Draghi no “G30” é tão chocante que até obrigou a União Europeia a, tentando branquear-se, instaurar um inquérito de iniciativa da sua provedora de justiça com base na existência de um gritante conflito de interesses e solicita que o BCE lhe ponha um fim.

Miguel Viegas, depois de questionar o BCE por escrito na semana passada, abordou hoje directamente Mário Draghi sobre este assunto na Comissão ECON do Parlamento Europeu, procurando conhecer o motivo pelo qual este se recusa a acatar as recomendações da provedora de justiça, não só relativamente à sua participação como membro efectivo do G30, como também à não divulgação pública das atas das reuniões em que esteve presente. A recusa de tal divulgação, não sendo uma surpresa para os deputados do PCP no PE, revela bem a promiscuidade existente entre o BCE e as instituições financeiras que supervisiona e mostra bem para que serve e quem serve o BCE. Lamentavelmente, o presidente do BCE, e apesar da insistência do deputado, não esclareceu a sua posição sobre o assunto em questão. A não resposta deixa bem claro que tudo vai continuar na mesma.