Declaração de Voto

Sobre a Voto do BE sobre a Síria

Ver vídeo

''

O PCP é solidário com os homens, mulheres e crianças vítimas da guerra de agressão contra a República Árabe Síria, exigindo o fim da hedionda agressão que está na origem da morte, destruição e sofrimento que têm sido impostos desde há sete anos àquele país.

Por isso rejeitamos a propaganda que visa branquear a agressão e os seus responsáveis, assim como os reais objetivos de quem a faz, defende ou promove.

A questão que verdadeiramente está colocada é a de saber quem está do lado da paz, da defesa da soberania dos Estados e da solução política e pacífica dos conflitos, da defesa dos direitos; e quem, reproduzindo a propaganda de guerra, se coloca do lado das agressões, do desrespeito da Carta das Nações Unidas e da legalidade internacional, da destruição de Estados soberanos, da ingerência, da morte e da destruição.

Depois de terem criado, financiado e armado o Daesh, dividido o Iraque e promovido a guerra na Síria, os Estados Unidos da América e os seus aliados - em especial Israel, Turquia e França - procuram superar a derrota infligida aos seus grupos terroristas e retomar, agora pelas suas próprias mãos, o objetivo da divisão da Síria – tal como fizeram no Iraque e na Líbia.

Apoiam-se uma vez mais numa gigantesca operação mediática que reproduz a propaganda de guerra para dar suporte aos seus objetivos.

Títulos e textos de notícias exatamente iguais em todo o mundo. Reportagens e imagens chocantes interpretadas com as mesmas legendas e comentários. Um dito “observatório” sedeado em Londres a ser utilizado como “fonte inquestionável” sobre a situação na Síria.

Tudo a acontecer hoje como aconteceu com as inventadas armas de destruição massiva do Iraque ou na preparação para a agressão à Líbia.

O BE opta por cavalgar a onda mediática e reproduz toda a propaganda de guerra dos Estados Unidos e dos seus aliados, apresentando um voto que poderia ter sido subscrito pelo próprio Donald Trump.

Não estranha que o façam depois de terem branqueado e apoiado objetivamente a agressão à Líbia, com todo o seu rol de morte, sofrimento e destruição.

O voto do BE esconde por completo o facto de grupos terroristas, como o Jabhat al-Nusra, terem recusado terminantemente a possibilidade da sua saída pacífica da região de Ghouta e continuarem a bombardear zonas residenciais de Damasco.

O voto do BE esconde que os sucessivos apelos à deposição das armas e as tentativas de iniciar negociações de paz nos subúrbios de Damasco têm esbarrado na recusa por parte dos grupos terroristas que insistem em prosseguir a sua ação de morte e destruição, mantendo como refém a população.

O voto do BE esconde que os contínuos esforços de prestar ajuda humanitária e de socorrer as populações têm vindo a ser constantemente e premeditadamente boicotados pela ação dos grupos terroristas.

O voto do BE esconde por completo a ação que os Estados Unidos e os seus aliados têm vindo a desenvolver no sentido de dar cobertura a grupos terroristas como o Daesh e o Jabhat al-Nusra, nomeadamente permitindo que continuem a sua ação terrorista a coberto de um regime de cessar-fogo imposto apenas às forças militares que os combatem.

O voto do BE esconde por completo a tentativa dos Estados Unidos e seus aliados de condicionar e impedir – por diversas formas, incluindo através de uma nova escalada militar – o desenvolvimento do processo de negociações, tentando assim entravar a solução pacífica para o conflito que promovem há já sete anos e que pretendem manter.

A opção que o PCP faz é exatamente a oposta.

Solidário com a resistência da Síria e do seu povo em defesa da sua soberania e da integridade territorial da sua pátria face a uma criminosa agressão, o PCP não esconde, e por isso não é conivente, nem é cúmplice, com os agressores e as suas monstruosas criações.

Dirigimos a nossa solidariedade e expressamos o nosso pesar às vítimas da guerra de agressão à Síria, denunciamos os objectivos de promoção da guerra e da destruição daquele país a que o BE aqui dá cobertura, e apelamos ao desenvolvimento de todos os esforços no sentido de pôr fim à agressão e concretizar uma solução pacífica para o conflito no respeito pela soberania do povo sírio.

Assembleia da República, 22 de fevereiro de 2018

  • Declarações de Voto
  • Síria