Intervenção de António Filipe na Assembleia de República

Debate sobre a Europa e a União Europeia

Sr. Presidente,
Sr.ª Deputada Edite Estrela,

O debate sobre a Europa e a União Europeia é bem-vindo, neste tempo particularmente complexo que estamos a viver, mas é importante que esse debate não fique pela superficialidade de algum discurso europeísta dominante, antes, questione o processo de integração europeia, as suas consequências para os povos da Europa, as contradições que gerou no âmbito da própria União e as dificuldades e os constrangimentos que tem vindo a representar para países como Portugal e para a defesa dos interesses do povo português e de Portugal.

É que, se não questionarmos profundamente, nos seus fundamentos, este processo de integração europeia, entramos naquele discurso contraditório de, depois de apoiarmos as causas, lamentarmos as consequências daquilo que apoiámos e defendemos.

É importante que esse debate se faça e que nos questionemos sobre a razão pela qual o processo de integração europeia nunca causou tão grande descontentamento entre os povos da Europa. Não será porque tem sido um processo construído à margem da vontade dos povos da Europa?!

Não será porque tem sido um processo de construção de uma Europa dos interesses financeiros, de uma Europa do capital, à margem e independentemente daquela que é a vontade soberana dos vários povos da Europa?!

Sr.ª Deputada, corrigir um erro não pode ser feito através da repetição e intensificação desse mesmo erro. Quando se reconhece que o processo de integração europeia conduziu à crise que a União Europeia vive presentemente, quer parecer-nos que é errado dizer que a solução para a correção desse erro é insistir no erro e andar mais depressa. Caímos um pouco naquele lugar-comum, que é o de dizer «estamos à beira do abismo e é preciso dar um passo em frente».

Achamos, pois, que importa repensar os seus fundamentos.

A questão final que quero colocar é esta: perante os constrangimentos que a União Europeia representa hoje ao desenvolvimento nacional, como é possível resolver esse problema e defender os interesses nacionais, defendendo exatamente que a Europa prossiga e intensifique o caminho que tem vindo a seguir até aqui?!

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