“Karoshi” é a expressão japonesa para designar a morte por exaustão. Uma situação infelizmente bem conhecida no Japão, resultado de elevados níveis de exploração, de longuíssimas jornadas de trabalho, com várias horas de trabalho não pago. É com este país – que não ratificou até hoje várias convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT), como as relativas a direitos laborais fundamentais – que a União Europeia assinou um acordo de livre comércio que, objectivamente, criará uma pressão para degradar os direitos laborais e os salários dos trabalhadores europeus. Sublinhe-se que a União Europeia não coloca sequer como exigência para a entrada em vigor do acordo a prévia ratificação das convenções da OIT por parte do Japão. Será um acordo, mais um, feito à medida dos interesses das multinacionais das principais potências europeias e das multinacionais japonesas. Multinacionais cujas estratégias de deslocalização poderão deixar um rasto de destruição e desemprego nalguns países. Este acordo não foi sequer alvo de uma análise específica detalhada por país do impacto nos respectivos sectores produtivos. Significativamente apoiado pela direita e pela social-democracia, proclamam mil e uma virtudes mas querem fugir à ratificação nos parlamentos nacionais. Assim se vê o escrúpulo democrático de quem está sempre pronto a defender os interesses do capital e atacar os trabalhadores.