Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral, Comício CDU

«Continuaremos a lutar contra a ditadura do défice»

«Continuaremos a lutar contra a ditadura do défice»

[excerto]

Entrámos na derradeira fase da importante batalha eleitoral para as autarquias, com a abertura da campanha oficial que hoje se iniciou e nos vai levar até ao próximo dia 1 de Outubro, num trajecto que desejamos e tudo vamos fazer para que se traduza numa importante vitória da CDU, nesta terra de trabalho e luta heróica que é a Marinha Grande!

Vamos para esta batalha com redobrada confiança de que é possível avançar e crescer, lutando pela viragem na vida do concelho da Marinha Grande a que todos aspiramos.

E a Marinha Grande bem precisa de retomar a gestão CDU!

Estamos nestas eleições afirmando com convicção de que em toda a parte a CDU vale a pena, lutando e trabalhando para que em 1 de Outubro a Marinha Grande veja regressar uma gestão séria e competente que só a CDU está em condições de assegurar de novo!

Os passos dados na reposição e conquista de direitos não teriam sido possíveis sem a luta dos trabalhadores e a contribuição decisiva do PCP e da CDU. E se falamos em luta, estando no distrito de Leiria, não posso deixar de saudar a vigorosa e combativa luta que travam os trabalhadores da Sumol+Compal e reafirmar a nossa solidariedade nesse justo combate que travam em defesa dos seus legítimos salários.

(...)

Mais força à CDU para ampliar o apoio à infância e à juventude, com alargamento do abono de família nos seus montantes e universo de atribuição, o acesso à rede pública do pré-escolar a todas as crianças a partir dos três anos, o alargamento da gratuitidade dos manuais escolares ao segundo e terceiro ciclo.

Sim, a gratuitidade dos manuais escolares para todos os alunos do 1º. ciclo do ensino básico é uma medida de grande alcance. Pelo que significa de afirmação da natureza pública, gratuita e universal do ensino. Pelo que se traduz de apoio às famílias tendo em conta o peso nos seus orçamentos.

Temos agora de assegurar que a medida abranja a escolaridade obrigatória. O Orçamento do Estado para 2018 é uma oportunidade para fazer esse caminho.

Uma oportunidade que o PCP e a CDU não desperdiçarão agora, como não desperdiçaram no passado, o que aliás é demonstrado pelo caminho já feito em 2016 e 2017.

Mas mais força à CDU também para garantir uma política fiscal mais justa, desagravando os impostos sobre os trabalhadores de mais baixos rendimentos, com a criação de mais escalões no IRS e redução de taxas.

Mais força à CDU para prosseguir o combate à precariedade no trabalho, pela exigência da adopção de um Programa Nacional de Combate à Precariedade e ao Trabalho Ilegal.

Mais força à CDU para melhores serviços públicos, para o reforço do investimento na educação e na saúde, com a contratação dos profissionais necessários, mas também noutros domínios potenciadores do desenvolvimento regional e nacional.

Sim, o País precisa de uma resposta diferente no plano do investimento público.

Não há desenvolvimento possível com níveis de investimento tão abaixo das necessidades.

Precisamos de mais investimento directo do Estado em domínios vitais como são os das infra-estruturas para o desenvolvimento económico ou dos transportes.

É urgente, por exemplo, a reabilitação e modernização de linhas férreas da rede convencional. Desde logo a modernização e eletrificação da Linha do Oeste, tão importante para esta região, e em relação à modernização pela qual o PCP se bate há muitos anos, prometida por sucessivos governos e sempre adiada.

Há muito a fazer para pôr fim aos atrasos verificados na economia do País e aos retrocessos sociais e garantir um crescimento da economia e do emprego sustentáveis.

Vulnerabilidades e constrangimentos cujas consequências estão presentes na vida dos portugueses e influenciam negativamente a evolução da situação do País.

Veja-se a evolução da PT. A banca privada e os seus negócios ruinosos. Veja-se a tragédia dos fogos florestais que atingiu também que as populações deste distrito de Leiria.

Os fogos e a sua dimensão são bem exemplo de anos de incúria e de uma política de desinvestimento, desastre e abandono dos sectores produtivos, de ausência de uma política de desenvolvimento da agricultura e de ordenamento florestal, de destruição da agricultura familiar, de abandono do desenvolvimento do mundo rural. Uma política que no plano florestal alimentou a monocultura do eucalipto, cedendo à pressão da indústria da celulose e que negligenciou a sua protecção, com a falta de sapadores e o fim dos guardas florestais, mas também de medidas de combate e apoio aos bombeiros ao longo dos anos.

Problemas que exigem respostas que não conformam com a tese do PS que fala, tal como PSD e CDS, da compatibilidade do desenvolvimento do País com a submissão ao capital monopolista, aos juros da dívida, ao euro e às imposições da União Europeia.

Desde sexta-feira que anda no ar mediático um certo alvoroço acerca dos méritos da subida da notação de uma empresa de notação financeira que nos tinha colocado no lixo dos mercados da especulação financeira.

Um alarido que é revelador das limitações das políticas que sucessivos governos têm imposto ao País e que em grande medida permanecem como um bloqueio ao nosso desenvolvimento.

A competição a que assistimos entre os partidos que conduziram o País à crise e ao agravamento da dívida, pela conquista dos louros dessa alteração, mostra bem que estamos ainda longe de assegurar a saída que se impõe para libertar o País dos constrangimentos que bloqueiam o seu desenvolvimento.

Empolar e transformar num sucesso a mudança na classificação das agências de notação, omitindo, como fazem PS, PSD e CDS, a sua verdadeira função e os interesses que as movem e o que representam, como elemento de chantagem e de condicionamento a favor dos operadores da especulação financeira, é contribuir para iludir a solução dos verdadeiros problemas que o País precisa de enfrentar.

Fazer da redução da dívida, agora também, o objectivo central da política nacional, como comummente defendem, só levará ao adiamento das soluções que se impõem para inverter a degradação económica e social a que foi conduzido o País.

A necessidade de reduzir a dívida não pode ser pretexto para arrastar a solução de problemas prementes e adiar o ataque às causas que estão na origem da nossa dívida pública. Não pode ser o pretexto adicional que se junta à ditadura do défice para protelar urgentes medidas de combate aos nossos défices estruturais que permanecem para além dos ganhos de conjuntura, a começar pelo défice produtivo e de emprego, mas também para continuar de forma mais decidida e justa a elevação das condições de vida dos trabalhadores e do povo, drasticamente afectadas nestes últimos anos de implementação e concretização do Euro, dos PEC e de Pacto de Agressão das troikas nacional e estrangeira.

A principal solução para resolver o problema da dívida está no aumento da produção nacional e na renegociação da dívida para a libertação de recursos para promover a ritmos mais céleres o crescimento económico e da riqueza nacional, com políticas dirigidas à defesa e promoção da produção nacional e dos sectores produtivos e ao aproveitamento dos recursos existentes.

Uma política que implica dar outra prioridade ao investimento, apostando na política de substituição de importações pela produção nacional. Na adopção de um programa que vise garantir de forma crescente a soberania alimentar e energética. Numa política que avance decididamente com a reindustrialização do País. Em mais investimento na valorização da educação e no desenvolvimento científico e tecnológico.

Continuaremos a lutar contra a ditadura do défice, tal como contra a ditadura da especulação financeira, em nome da redução da dívida!

Ela não pode ser argumento para continuar a pedir encurtamento de pernas e dos passos na solução dos problemas nacionais.

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