5 Razões para votar CDU
Carlos Carvalhas
  1. Uma primeira e fundamental razão para votar CDU no domingo é, desde logo, assim manifestar apoio e dar mais força, influência e peso na vida política nacional a quem honrou escrupulosamente os compromissos assumidos há quatro anos. A quem realizou um notável e qualificado trabalho na Assembleia da República. A quem participou, com exemplar persistência, dedicação e generosidade, em inúmeros e diversificados combates por justas aspirações e interesses populares, por grandes causas de esquerda, com especial destaque para um singular protagonismo na defesa da dignidade e direitos dos trabalhadores. A quem apresenta «10 medidas urgentes» de grande impacto social, sustentadas não em truques de ocasião eleitoralista, mas numa consistente intervenção passada e presente.
  2. Uma segunda razão para dar mais votos e deputados ao PCP e aos «Verdes» é que essa será a novidade eleitoral que dará um mais marcante impacto político e mais positivas consequências práticas à afirmação dos valores de esquerda e à aspiração de uma política de esquerda, de uma política que seja uma pedrada no charco da pantanosa convergência entre PS e PSD (muitas vezes associando ainda o PP) em torno de opções fundamentais e decisivas, de uma política que afronte os graves problemas de fundo da sociedade portuguesa que subsistem para além dos cânticos anestesiantes do PS. E, num quadro em que a direita não tem hipóteses de regressar ao governo, o voto na CDU apresenta-se como uma boa e muita tranquila opção de voto para muitos cidadãos que tem votado PS sobretudo para derrotar o PSD.
  3. Em terceiro lugar, mais votos e deputados para a CDU são a mais útil opção para todos os que justamente compreendem como seria perigoso dar ao PS o poder absoluto. Na verdade, todas as argumentações tranquilizantes e todas as dramatizações artificiais que Guterres tem empreendido para «dourar a pílula» têm dois pontos comuns: ofendem a verdade dos factos passados (porque o Governo PS nem sequer passou por nenhuma especial aflição parlamentar na ultima legislatura) ; e mentem sobre os propósitos futuros ( porque o verdadeiro móbil do PS é poder realizar impune e tranquilamente tudo quanto de negativo não conseguiu nos últimos quatro anos, e favorecer ainda mais os interesses dos grupos económicos, com manifesta ofensa dos interesses e direitos de quem trabalha. E falando francamente, se a «cultura democrática» do PS fosse aquela que António Guterres anda a proclamar pelos comícios, então nunca teriam feito campanha debaixo de um lema que, reportando-se obviamente ao PS, fala de «Portugal em boas mãos». É que o PS poderia ter adoptado um lema que dissesse, por exemplo, «O Governo em boas mãos», mas só por inquietantes concepções é que pode confundir o governo com Portugal, assim confessando que acha que, quem tem o Governo, tem Portugal nas mãos. Ora nós pensamos que Portugal é demasiado importante para estar nas mãos seja de quem for, excepção feita ao povo português, na diversidade e pluralismo das suas opiniões e opções.
  4. Uma quarta razão é que votar CDU é, à esquerda, a mais eficaz escolha seja para protestar e erguer linhas de resistência à política de direita dominante, seja para alcançar e conquistar medidas positivas, seja para influenciar e pesar na marcha dos acontecimentos, seja para fortalecer e dinamizar o processo social e político necessário à futura construção de uma alternativa de esquerda ao rotativismo entre PS e PSD.
  5. Finalmente, é fundamental votar CDU porque mais CDU é o resultado que mais ajuda a que não fique tudo pior, a que não fique tudo na mesma e a que se conquistem mudanças para melhor, pela esquerda.

Depoimento de Carlos Carvalhas ao DN de 8.10.1999