Apresentação da CDU Lisboa

Intervenção de Carlos Carvalhas, Secretário-geral do PCP 

São cada vez mais os que se interrogam sobre as obras e as respostas aos problemas na cidade de Lisboa.

Tirando os panos, os out doors, os placardes pagos pelo erário público, a propaganda por tudo e por nada, o que é que há em Lisboa como obras concretas?

Onde está a habitação para a juventude no centro da cidade, onde está o novo Parque Mayer a funcionar em oito meses, onde está a melhoria das zonas verdes e da iluminação pública, a melhoria da segurança, o combate decidido à toxicodependência?...

Parece que todo o exercício camarário se resume a uma única obra: o famoso túnel do Marquês, sorvedouro de recursos para trazer mais carros e o caos ao trânsito no centro de Lisboa.

Era esta a obra necessária e prioritária para a cidade?

É também uma evidência que com o actual executivo camarário ao mesmo tempo que se recuou nas políticas sociais se avançou no caldo de cultura favorável à especulação imobiliária.

Face a uma política arrogante e populista, de muita parra e pouca uva, muitos se interrogam sobre a oposição, quando vêem uns numa posição retórica ou verbalista viabilizando depois na prática e pelo voto, os Planos e Orçamentos, os relatórios e contas, as revisões simplificadas do PDM (Plano Director Municipal) atrelando-se à especulação imobiliária e a nada fazer perante a desarticulação de serviços e o desrespeito completo pela estrutura orgânica.

A constituição da CDU visa no essencial dar resposta a este problema.

A CDU e as forças que a constituem têm reconhecidamente um percurso autárquico marcado pela coerência, pelo profundo conhecimento dos problemas da cidade, pela ligação às populações e pelo cumprimento da palavra dada.

É este património de intervenção – primeiro no combate à gestão desastrosa da direita na década de 80 e depois no quadro da «Coligação Por Lisboa» nos anos 90 – que explicam o papel necessário e insubstituível da CDU e dos seus componentes na acção, na luta e no trabalho que uma cidade com qualidade de vida e usufruída pela sua população onde dê gosto viver e trabalhar.

Hoje como ontem a defesa da cidade e da sua vida colectiva exigem perante uma nova gestão da direita, a acção combativa, o conhecimento dos problemas, a firme e coerente oposição.

Hoje como ontem é necessário potenciar a oposição pela proposta alternativa, pela denúncia, pela mobilização da população, pela participação dos cidadãos rasgando perspectivas de esperança e de futuro. É este o lugar que a CDU ocupará.

A constituição da CDU não pretende romper ou inviabilizar nada, mas tão só dar resposta eficaz ao populismo, às tropelias, ao faz que anda e não anda e sobretudo dar resposta no quadro das nossas possibilidades de intervenção aos problemas da cidade, aos anseios da população em geral e dos Bairros com mais problemas.

E tudo isto com a defesa e a consciência de que a alternativa para a cidade à política populista da direita passa pela unidade das forças democráticas, para derrotar a direita coligada.

Aqueles que procuram utilizar outros como arma de arremesso contra o PCP e a CDU, não só perdem o seu tempo como objectivamente prestam um serviço à direita. Também aqueles que nas últimas eleições puseram a sua egoísta afirmação acima do interesses da cidade e se recusaram a entrar na coligação com o argumento de que não se aliava na Câmara a uma força – o PS, que conduzia no governo a política de direita, dando objectivamente a vitória à direita, têm muito pouca autoridade para agora se pôr em bicos de pés.

Como a vida o comprova não é no PCP e na CDU que situam dificuldades e obstáculos para a solução que abram de novo projecto de gestão ao serviço da cidade e da sua população desde que constituída, capazes de assegurar no quadro de uma relação de respeito mútuo, sem pretensões hegemónicas ou soluções de conveniência, e desde que, ponto decisivo e essencial, capaz com clareza um programa e um projecto político distintivo e oposto ao que a direita desenvolve.

Com a degradação da vida na cidade, com o aumento do desemprego e da pobreza, com a acentuação das desigualdades e a falta de perspectivas para a juventude e o agravamento dos fenómenos de insegurança é cada vez mais necessário que a voz e a intervenção da CDU na Câmara e nas Freguesias, na Assembleia Municipal se potencie e aprofunde.

É o compromisso com o nosso eleitorado, com o povo de Lisboa e com a cidade que o exigem.

Viva a CDU

 

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