FILIPA PAIS

Filipa Pais iniciou estudos em dança em 1976 com Margarida de Abreu, tendo ingressado nos cursos de formação profissional do Ballet Gulbenkian em 1981 e aí se mantendo até 1984. Nos três anos seguintes freqüenta um estágio em Nova Iorque, trabalhando técnicas de Dança Moderna Cunningam, danças étnicas e ballet clássico.

De regresso a Lisboa, participou como bailarina em diversos espectáculos com alguns coreógrafos portugueses, designadamente Paula Massano, Margarida Bettencourt, Paulo Ribeiro, Joana Providência, Francisco Camacho e Rui Horta.

Desde 1983, Filipa Pais desenvolve a sua actividade como cantora, tanto em disco como em espectáculos, trabalhando com nomes como Vitorino, Sérgio Godinho, João Paulo Esteves da Silva, Janita Salomé, Bernardo Sassetti, Titto Paris ou Chico César, cruzando a sua experiência com todas as áreas da música popular e tradicional portuguesa nas suas colaborações com o projecto «Lua extravagante» (com Vitorino e Janita Salomé), tomando contacto com o Jazz e música de fusão através da colaboração com a orquestra «Sons da Lusofonia».

L’Amar é o seu primeiro disco de originais, que inclui composições de alguns dos mais importantes músicos da cena musical portuguesa como Sérgio Godinho e Pedro Ayres de Magalhães. Neste disco, com arranjos e direcção musical de João Paulo Esteves da Silva, Filipa Pais demonstra que é uma interprete que atingiu a maturidade e se tem afirmado como uma das melhores vozes femininas da actualidade.

Paralelamente ao seu trabalho a solo nesta área, tem desenvolvido, desde 1997, uma experiência na área do fado com o mestre de guitarra portuguesa António Chainho. Neste âmbito assinalam-se as apresentações no Bochrnheimer Depôt de Frankfurt, 1997, «Memphis in May»-International Festival (Tenesse, EUA), Progetto Cultural Trentino Portogallo em Trento, Itália, na Expo 98 e no Pão Music 2000 com Maria Bethânia.

Participa no CD «Red hot + Lisbon» onde, paralelamente com artistas de expressão portuguesa, participaram nomes como KD Lang e David Byrne. Ainda em 98, Filipa Pais cria o espectáculo «Afinidades» baseado em recolhas de Michel Giacometti, tendo como convidada a cantora Galega Uxia – e participará na ópera de Michael Nyman «Ciclo de canções sobre Fernando Pessoa» no encerramento do Festival dos 100 dias.

Após a edição de «A Guitarra e outras Mulheres» de António Chainho, participou em algumas apresentações desde trabalho em Portugal e no estrangeiro.

No início do ano de 2000, é formado o grupo que passará a acompanhar Filipa Pais: João Paulo Esteves da Silva (direcção musical e piano), Ricardo Dias (acordeão), Manuel Rocha (Violino), Joaquim Teles (percussões) e Yuri Daniel (contrabaixo e baixo) - um grupo «de eleição» que actua com a cantora nas apresentações realizadas nesse ano em Portugal e Espanha.

O final do ano foi passado em estúdio na gravação daquele que viria a ser o seu segundo trabalho discográfico.

Ainda em 2001 participa num espectáculo de Úxia nas comemorações do 25 de Abril no Porto: «Um grande Porto do sul» - espectáculo com direcção de Carlos Martins, especialmente concebido para o «Porto capital da Cultura 2001» e apresentado no Coliseu do Porto e no CCB de Lisboa; «Músicos do Sul e Lua» – num colectivo composto por Janita Salomá, Rao Kiao, Sérgio Godinho e Vitorino, e «Vozes do Sul» espectáculo dedicado ao cante alentejano, baseado no disco de Janita Salomé.

A par dos seus concertos em Portugal e no estrangeiro, participa a convite de João Brites no espectáculo de O Bando «Alma Grande», segundo um conto de Miguel Torga.

Em 2003 edita o seu novo CD - «À Porta do Mundo» com produção de João Paulo Esteves da Silva e Ricardo Dias.

No tempo que nos separa de «L’Amar», o seu primeiro trabalho editado em 94, muitas foram as experiências apreendidas quer em projectos com outros nomes da nossa música, quer ao lado de cantores galegos, brasileiros, africanos, entre outros; projectos dentro das mais diversas áreas musicais nos quais foi encontrando registos que lhe conferem hoje a maturidade e versatilidade interpretativa presentes neste disco.

Com o novo CD «À Porta do Mundo», Filipa Pias volta a enriquecer o nosso universo musical, com um trabalho em que a sonoridade geral, embora partindo de uma matriz tradicional, nos transporta para um ambiente sonoro contemporâneo caracterizado por uma simplicidade instrumental rara ( piano, acordeão, bandolim, violino e percusssões).

No âmbito poético-literário, as palavras reportam-nos a uma fantasia enriquecedora, a um non sense comum a um cosmos em constante mutação e evolução que por vezes nos confunde mas que também nos faz sorrir... Como nos diz o tema que dá nome ao álbum:«Este mundo não tem porta, nem uma chave escondida, por trás de tudo o que importa, vem um sentido prá vida...». Esta é uma espécie de aventura onde as palavras e as imagens ganham formas nítidas através da beleza e riqueza tímbrica de Filipa Pais.

Neste disco é também de salientar a estréia de Filipa Pais enquanto compositora no tema «Em todas as ruas te encontro» para um poema de Mário Cesariny, e em trabalhos de outros poetas/letristas: Hélia Correia, Reinaldo Ferreira, Vitorino ou João Afonso. Aos produtores deste trabalho juntaram-se ainda alguns dos melhores músicos do panorama musical nacional – Manuel Rocha no violino, Eduardo Miranda no bandolim, Yuri Saniel no contrabaixo, Quiné nas percussões e ainda o guitarrista Mário Delgado – formando uma banda coesa que originou o som que se pode escutar nos 14 temas incluídos em «À Porta do Mundo».

Discografia :
«L’Amar», 1996;
«À Porta do Mundo», 2003.

Site :
http://www.vachier-producao.pt/